domingo, 9 de janeiro de 2011

Aborto e política: um dia teremos esta discussão?

Aborto, um assunto que está sendo amplamente discutido no cenário político atual. Este deve ser incansavelmente debatido e com muito cuidado, pois não envolve somente a questão política, mas de saúde pública, cultural, cientifica e religiosa. Passaram-se as eleições e mais uma vez a discussão sobre o aborto foi deixada no “modo de espera”. Realmente essa questão é extremamente importante pois estudos afirmam que uma em cada cinco mulheres até o final de seu ciclo reprodutivo já realizaram aborto, fato que nos mostra que o assunto se tornou realmente um caso de saúde publica no Brasil. Infelizmente, por ser um assunto polêmico faz com que os políticos não tomem uma posição nem o discutam mais profundamente.
O presidente Lula em nota afirmou na imprensa que é contra o aborto, mas é um caso de saúde pública e concorda em debater o assunto, Dilma concorda com seu antecessor, porém discussões anteriores nos indicam uma opinião pessoal contrária, utilizando do discurso que o aborto não seria somente uma violência contra o feto, mas também contra a mulher que o aborta. Já o Serra não mudaria a atual legislação, diz que sua legalização provocaria uma carnificina "Dificultaria o trabalho de prevenção, como no caso da gravidez na adolescência, que é um assunto muito grave. Vai (ter) gravidez para todo o lado porque (a mulher) vai para o SUS (Sistema Único de Saúde) e faz o aborto", disse. Marina Silva é contraria ao aborto, porém defende um plebiscito sobre o tema. Plínio Arruda é a favor da descriminalização do aborto visto que a lei atual é ineficaz e perniciosa. Zé Maria e Rui Pimenta dizem ser um caso de saúde publica e defende a decisão pelo aborto ou não. Já Levi Fidelix e José Eymael são contra.
A grande discussão que se gira em torno do aborto seria o direito da vida - e de onde começa esta vida (na qual há diferentes pontos de vistas)- contra o direito de preservação do corpo da mulher e o seu direito de escolha. Dependendo de qual ponto a pessoa acredita que já há vida pode-se estudar o assunto, se quando há a fecundação do óvulo, quando o zigoto se fixa ao útero, a partir de x semanas, quando possui sistema nervoso totalmente formado ou somente quando este feto nasce, etc. Dependendo do seu ver, se o individuo fizer o aborto em menos de x semanas não seria uma vida perdida, assim, neste caso,o direito da vida não agiria, sendo abstrato. Se colocarmos um parâmetro no qual a vida começa quando há fecundação estaríamos infringindo o direito da vida e fazer uma lei permitindo o aborto seria inconstitucional. Neste tema acredito que o governo deve discutir para definir um parâmetro para posteriormente começar a discutir outros assuntos relacionados à sua descriminalização.
A questão de escolha da mulher é válida quando você terá que modificar uma vida inteira para cuidar de uma pessoa não planejada na sua vida, ainda mais quando não se tem condições financeiras de criá-las, ou quando o pai não da nenhum suporte tanto emocional quanto financeiro a criança que está a vir. É um caso muito difícil e desesperador para aquela pessoa que está para ser mãe. Outro ponto que se discute, na verdade é o fator impulsionador da discussão é o problema de saúde publica, na qual a mulher, mesmo ilegalmente, não deixa de realizar o aborto. Sofre com muitas complicações sérias sem poder ir ao hospital com medo de ser presa.
Acredito que politicamente o aborto será descriminalizado principalmente pela questão de saúde pública, senão este assunto não estaria sendo tão discutido na mídia. Porém, deveríamos, juntamente com a descriminalização, aumentar a política de prevenção à gravidez e se a mulher grávida quiser abortar o feto acredito que deveria haver encontros com psicólogos para ter verificar se esta é uma decisão sensata e que está certa de sua escolha.
Infelizmente temos observado uma retração dos políticos ao opinar neste tema que se torna uma maquina de votos, preciosos votos que poderiam ser perdidos. Porém este tema se agravará cada vez mais e futuramente os políticos terão que tomar uma posição com relação ao assunto, mas espero que consigam tomar esta posição de vez, sem passar por mais uma fase eleitoral na qual ninguém tomará posição no assunto para não perder seus votos.


Fernanda de Lima Ramos

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